Estacionar de ré é um hábito pouco utilizado pelos motoristas, mas que traz inúmeros benefícios. Primeiramente, é uma medida de segurança, pois facilita o motorista em situações em que é preciso uma fuga rápida. Também, normalmente estamos mais apressados na hora de sair do que na hora de chegar. Já deixar o carro pronto para sair é uma boa estratégia para ganhar tempo. Existe também um outro motivo, menos conhecido, para encorajar esta prática: a financeira. Segundo este artigo (clique aqui), quem costuma estacionar de ré economiza cerca de R$ 310,00 por ano. Como se vê, estacionar de ré é uma medida que demonstra segurança, economia e prudência. Mais que uma medida simples, ela demonstra uma lição que pode ser levada para a vida como um todo, que é o tripé segurança, economia, prudência. Muitas pessoas que tomam pequenas ações neste sentido evitam muitos problemas e conseguem viver de forma bem mais tranquila que os que renegam tais ações.
Quem se importa com sua segurança, não arrisca a vida por qualquer coisa. Também não anda muito acima da velocidade máxima, não expõe sua vida para desconhecidos na internet e não bebe até cair. Quem se importa com a segurança de seus filhos não os transporta no banco da frente, não deixa de levá-los aos médicos e procura saber com quem eles estão andando. Quem se preocupa com a segurança dos seus próximos não os expõe ao perigo desnecessário e procura meios de protegê-los ainda mais dos perigos deste mundo.
Quem se preocupa com a economia não utiliza os recursos que tem de forma exagerada. Sabe que o poupar hoje traz retorno importantíssimo justamente no momento em que mais precisa. Quem procura economizar, usa tendo consciência que os recursos não são infinitos e que é preciso garantir que não chegue a sua extinção. Quem é econômico consome muito, muito, muito mesmo, mas tudo de forma racional. Consome o que precisa e o que pode, não apenas o que quer.
Quem se preocupa com a prudência, faz tudo o que foi dito acima. Afinal, segurança e economia são sinais de prudência. Mas, além disso, quem se preocupa em ser prudente, controla seu ímpeto, evita tomar decisões precipitadas e se preocupa em entender as pessoas, isto é, coloca-se na situação de outras pessoas antes de apontar o dedo e pré-julgá-las. Quem é prudente procura fazer amizades sinceras de forma natural, não através de "agrados" que acabam por maquiar o que é amizade de verdade e amizade "de festa". Quem é prudente, pensa duas vezes antes de falar ou fazer. Calcula os riscos. Consulta os mais experientes, mas não acredita logo em tudo que ouve. O prudente raciona.
Quem é prudente trabalha hoje, mas pensa no futuro. Pensa como estará quando atingir a "melhor idade" e faz por onde, hoje, para poder estar bem, amanhã. O prudente pensa no amanhã, mas busca o melhor pelos caminhos da honestidade e não através "de atalhos" ilegais. Quem é prudente vai ao médico, mesmo quando não se sente doente, pois sabe que é melhor prevenir do que remediar. Quem é prudente não fuma porque sabe que o fumar é "fumo" literalmente. Quem é prudente faz exercícios físicos enquanto é jovem para ter vitalidade na velhice. Também não tem vergonha de tirar aquela capa gostosa de gordura da picanha, mesmo sendo motivo de chacota. Aliás, quem é prudente não dá mais importância aos que outros pensam de si quando está com a consciência tranquila.
Quem é prudente aproveita as oportunidades e não desiste na primeira dificuldade, pois sabe que a vida não foi feita para ser fácil. Quem é prudente faz o que precisa fazer e nem sempre o que gostaria de fazer. Quem é prudente perdoa as pessoas porque sabe que, assim como ele, elas não são perfeitas. Assim, sabe que estará plantando uma semente para poder ser perdoado por elas também. Quem é prudente não planta ódio nem carrega rancor no coração. Sinal de prudência também é respeitar as pessoas. É ter cuidado com brincadeiras aparentemente inocentes, mas que podem machucar profundamente, pois só cada um que sabe os dramas pessoais não divulgados por quais passa. Quem é prudente ama e não tem vergonha de amar. Da mesma forma, quem é prudente sabe reconhecer aqueles que o ama, mesmo quando estes têm dificuldade em demonstrar o amor que sentem.
Quem é prudente estaciona o carro de ré e, principalmente, estaciona sua vida de ré, porque segurança, economia e prudência estão na receita para uma vida equilibrada e mais feliz.
quarta-feira, 26 de dezembro de 2012
quarta-feira, 28 de novembro de 2012
Os royalties da discórdia
O Brasil extrai petróleo do fundo do mar há vários anos,
mas, desde a descoberta dos grandes poços na camada pré-sal, uma palavrinha
começou a se tornar comum aos nossos ouvidos: royalty.
Royalty é uma palavra inglesa derivada da palavra "royal", que significa "aquilo
que pertence ou é relativo ao rei, monarca ou nobre". Na antiguidade,
royalties eram os valores pagos por terceiros ao rei ou nobre, como compensação
pela extração de recursos naturais existentes em suas terras. Atualmente, são a
cobrança de impostos da extração de um recurso natural de uma determinada
região. No caso dos royalties do petróleo são os impostos pagos pelas empresas
exploradoras dos poços de petróleo do país. Até então, os estados onde são
feitas as explorações, chamados estados produtores, têm recebido a maior parte
destes royalties. Como os royalties são proporcionais ao volume explorado, a quantidade
de dinheiro recebido pelos estados produtores já representa uma parcela
considerável dos seus orçamentos anuais.
Um projeto de lei do governo federal pretende mudar a
proporção da divisão dos royalties para torná-la um pouco mais equilibrada entre
os estados produtores e os não produtores. O objetivo é que esta riqueza possa
ser melhor distribuída e possa beneficiar todo o país. Aí reside o protesto dos
estados produtores. Eles alegam que o petróleo é extraído dentro de seus
territórios, ou seja, são uma riqueza de seus estados e, por isso, devem
permanecer recebendo mais. Alegam também que a divisão atual dos royalties já
está definida em contratos previamente assinados, de forma que a mudança
prevista pelo projeto seria uma quebra de contrato. Além do mais, alegam que o
orçamento de cada estado produtor já conta com tais recursos e que retirá-los
agora iria provocar um rombo nas finanças capaz de impedir o desenvolvimento e
os projetos dos estados.
Os estados produtores têm certa razão em protestar, pois
ninguém gosta de “perder” aquilo que já “conquistou” e, ainda por cima, ser
forçado a mudar seus planos de investimento. No entanto, há de se considerar
que o petróleo é uma riqueza do país e não de alguns estados e, portanto, é
salutar que ele possa trazer benefícios para todos os estados, não apenas para
aqueles que já são historicamente mais ricos. O interesse da nação está acima
de tudo.
E a justificativa para a nova divisão dos royalties não se
restringe apenas a esta questão de interesse da nação. A exploração tem sido
feita no mar, que, segundo a Constituição Federal, é um bem da União, portanto
de todos os brasileiros. Também se deve considerar que, se hoje o Brasil se
tornou capaz de explorar petróleo em alto-mar, foi devido a pesquisas e estudos
realizados durante anos, pagos com impostos de todos os brasileiros. Foram
estas pesquisas que permitiram ao Brasil desenvolver expertise e tecnologia que
resultaram tanto para na descoberta dos poços quanto na capacidade de
exploração. Além disso, a própria mão-de-obra empregada atualmente nos campos
de petróleo é oriunda e formada em centros educacionais de diferentes estados.
Portanto, o projeto de lei da divisão dos royalties não é só
benéfico para o país como um todo, mas também pode ser visto como um retorno
histórico do que os brasileiros de norte a sul já contribuíram para o
desenvolvimento do país. O que precisa ser revisto no projeto são formas de
amenizar o impacto financeiro sobre os estados produtores. Da forma como está o
projeto, a “lapada financeira” é muito grande. Seria mais interessante que o
percentual de participação dos estados produtores nos royalties fosse sendo diminuído
anualmente, em doses “mais suáveis”, e o dos estados não produtores, aumentado
proporcionalmente, até estabilizar na proporção ideal. Assim, todos os estados
seriam beneficiados e os que são produtores poderiam se adaptar mais facilmente
à perda de arrecadação. O país só teria a ganhar.
domingo, 4 de novembro de 2012
A mobilidade urbana no Brasil tem solução?
Em todas as grandes cidades do Brasil, um problema comum é o da mobilidade urbana. Congestionamentos e a má qualidade do transporte público são as principais queixas da população. A maioria das prefeituras, e até governos estaduais, têm proposto alargamento de ruas e avenidas, corredores exclusivos para ônibus, expansão das linhas de metrô, monotrilho, bilhetagem eletrônica, dentre outros. A verdade é que tudo isso que tem sido proposto serve apenas de paliativo. Na prática, não resolverá os problemas, pois suas causas não se restringem apenas a questões de infra-estrutura. Vão muito além disso e envolvem hábitos comportamentais e econômicos.
Primeiramente, observemos que a maior parte dos sistemas de transporte público é formado por ônibus coletivos. Normalmente este serviço é terceirizado, através de concessão, a empresas particulares, que devem explorar o serviço de transporte para aferir lucro próprio e garantir um padrão de qualidade aceitável. Aí já reside um antagonismo: o lucro versus a qualidade. De forma geral, ao melhorar a qualidade, diminui-se o lucro. Ora, a população espera que os ônibus não demorem a passar nas paradas e que não estejam lotados. Mas diminuir o tempo e a lotação entre cada viagem implica em colocar mais ônibus nas linhas, ou seja, diminuir o lucro. Em outras palavras, do ponto de vista das empresas, quanto mais pessoas forem transportadas em menos viagens de ônibus, maior será seus lucros. Isto é, ônibus vazio é sinônimo de prejuízo. Logo, a terceirização e a falta de concorrência caminham em sentido contrário ao da melhoria do serviço oferecido à população.
Além da lotação e da demora, que são o que mais afetam a população, um outro fator piora a qualidade do transporte e traz prejuízo tanto para a população quanto para empresas: os congestionamentos. Devido a isso, o deslocamento urbano se torna cada vez mais lento. Sofre a população, que perde muito tempo para chegar a um destino e, com isso, até deixa de deslocar-se mais frequentemente, sofrem também as empresas, que diminuem seus lucros devido à demanda reprimida (mais pessoas querendo, mas sem poder se deslocar) e ao aumento de gastos (combustível, peças, ...). E tendo menos lucros, resta às empresas diminuir a qualidade ou aumentar as tarifas. Começa aí um claro ciclo vicioso: menos lucro implica em menor qualidade, que implica em mais pessoas evitando os ônibus, o que traz menos lucro e recomeça o ciclo.
Mas então quer dizer que diminuir os congestionamentos seria a solução? Então as propostas de vários governantes de alargar avenidas e criar corredores exclusivos de ônibus irão resolver o problema? Sim, a solução passa por resolver os problemas de congestionamentos, mas as propostas apresentadas pelos governantes não atacam o coração do problema, apenas amenizam seus efeitos. É preciso muito mais do que corredores exclusivos, alargamentos de ruas ou abertura de novas avenidas. A raiz do problema reside fora do sistema de transporte, no modo de vida que a sociedade busca. É o modelo consumista representado pelo automóvel. Este é o maior vilão.
A sociedade prega que as pessoas trabalhem para melhorar de vida. Neste caso, melhorar de vida é quase sempre representado por adquirir bens. E um dos bens mais desejados é o carro. O bendito carro. Bastam apenas três carros enfileirados para ocupar, nas ruas, o mesmo espaço de um único ônibus. Sendo que três carros populares levam no máximo quinze pessoas, enquanto que um ônibus leva sessenta pessoas. Na prática é bem pior, pois os carros quase nunca estão cheios. Estudos apontam que três carros costumam levar, em média, de quatro a sete pessoas. Então são de quatro a sete pessoas ocupando o mesmo espaço nas ruas que um ônibus com sessenta. Como os congestionamentos são formados em sua maioria por carros, fica evidente como utilizamos mal esse espaço. Desperdiçamos muito espaço. Mas quem vai preferir abandonar o carro e utilizar o transporte público? Entra aí mais um componente que aumenta o ciclo vicioso. O transporte é ruim, então mais gente usa o carro. Com mais gente usando carros, maiores os congestionamentos. Com maiores congestionamentos, menores os lucros das empresas de transporte. Com menores lucros, pior a qualidade. Com menos qualidade, mais gente prefere o carro e maior o congestionamento. É preciso quebrar esse ciclo. Mais uma vez, não adiantam apenas obras de infra-estrutura para dar mais velocidade ao trânsito. A quantidade de carros que entram no sistema é superior à capacidade de investimento em infra-estrutura.
Pronto, parece que já descobrimos onde reside o problema. É só dar um jeito de frear o uso dos carros, certo? Sim, é. E até parece fácil, só que não é. Além de envolver uma grande e difícil mudança cultural, seria preciso criar condições para esta mudança. Precisaria haver algum incentivo para que as pessoas diminuam a dependência do carro, seja esse incentivo através da melhora do transporte público ou mesmo através de medidas restritivas a sua utilização (rodízio?, pedágio?... não sei!). No entanto, só a melhora do transporte público já se torna difícil por se encontrar no meio do ciclo vicioso descrito anteriormente, e as medidas restritivas, além de serem "impopulares", ainda batem de frente com a questão econômica: a indústria automobilística. Esta é uma das mais lucrativas, que mais empregam e que mais crescem no país. É tão importante que, quando uma crise atinge esta indústria, o governo imediatamente toma medidas para protegê-la e alavancar as vendas (vide redução do IPI). Então como mudar o hábito das pessoas, se o próprio governo incentiva o consumo cada vez maior dos carros?
O problema da mobilidade urbana no país é muito mais complexo do que parece. Muitas variáveis estão envolvidas na questão: economia, cultura, infra-estrutura, falta de investimento, monopólio do transporte público... Nem mesmo as vindas de uma Copa do Mundo e de uma Olimpíada para o país foram capazes de forçar o país a tomar medidas capazes de garantir uma mobilidade urbana no mínimo aceitável. O certo é que a solução, se existe para o Brasil, está muito, muito, muito distante e o problema só tende a piorar.
sexta-feira, 26 de outubro de 2012
Um segredão para dominar o Português
Dominar a Língua Portuguesa é um dos passos mais básicos para ser bem sucedido social e profissionalmente. É algo tão importante que seu ensino começa desde as primeiras séries e acompanha o estudante por toda sua vida escolar. São inegáveis os benefícios que proporciona àqueles que conseguem falar e escrever corretamente, no entanto, o que dificulta seu aprendizado e, consequentemente, ser uso correto, é justamente o fato de não ser um idioma dos mais fáceis (para muitos é uma verdadeira "tortura"). Então, se você tem vontade, mas sofre com o danado o Português, o que pode ser feito para melhorar seu domínio?
Uma resposta bem pragmática seria: estudar. "Óóóóhhhhh, não me diga?", você deve ter pensado. Estas respostas óbvias assim pouco ajudam. O que interessa mesmo é: como estudar? Ou melhor, como aprender? Aí vão algumas dicas e um segredão.
Dica 1: Estudar a teoria. Não há como fugir disso. Antes de mais nada, é preciso conhecer as regras gramaticais. Entender os conceitos é o começo de tudo.
Dica 2: Ler bastante. Isto permite observar a teoria sendo usada na prática e possibilita aumentar o vocabulário, além de ajudar a conhecer as formas de expressão voltadas para públicos específicos. Mas cuidado com o que se lê. A fonte é fundamental. Ler textos mal escritos pode fazer com que os erros comuns sejam absorvidos. Logo, escolha bem os textos e cuidado com fontes de leitura excessivamente informais, como as redes sociais.
Dica 3: Praticar. Aqui entra a prática tanto da teoria escrita quanto da falada. Dizem que a melhor forma de aprender qualquer coisa é praticar. Você sabe muito bem disso. Logo tornar o Português parte de sua rotina é um bom caminho. Isto é, comece a tentar falar sempre corretamente e um pouco mais formalmente. Troque as gírias, as metáforas e expressões coloquiais por termos mais "gramaticalmente corretos". Não precisa ser tão "Caxias" e abandoná-las completamente (relaxe), mas faça como um investimento em você. Que tal fazer isso num chat ou numa rede social? Quem pratica, aprende mais fácil.
Dadas as dicas, aí vem o segredão. Algo que parece ser o mais difícil ou, para muitos, loucura deste que vos escreve. Não tenha vergonha de errar. Isto é, não troque expressões em que você tem dúvidas na aplicação por termos fáceis, só porque tem medo de cometer um erro.
Por exemplo, se na frase "Fulano teve uma grande _____ de popularidade", você tem dúvida entre "perda" e "perca", não invente de mudar a frase para "Fulano teve uma grande queda de popularidade". Esse comodismo só atrapalha o aprendizado. Se tiver falando, use a forma que achar correta. Se estiver escrevendo (e se o tempo permitir), gaste tempo pesquisando a forma correta e use-a. Se, por acaso, errar e alguém corrigi-lo, não se envergonhe, pelo contrário, agradeça-o pela correção e pela oportunidade que lhe deu de aprender a forma correta. Você consegue ser humilde a este ponto?
Esta questão da humildade e de mexer com o ego das pessoas, aliás, é um dos fatores que mais atrapalham aprender qualquer coisa. A sociedade tem sua parcela de culpa por constantemente ridicularizar os erros alheios, ao invés de incentivar sua correção, como também muita gente deixa de corrigir erros de outros (deixando, portanto, de ajudá-lo a aprender) para não magoá-los ou não passar a imagem de que quer ser o "intelectual". Mas isso é tema para outro artigo. Aqui, mais valem as reflexões de que "é errando que se aprende" ou "erre agora para acertar sempre". Muita gente deixa de "fazer", deixa de "usar", deixa de "praticar", deixa de "melhorar" por vergonha de ter seus erros apontados.
Não tenha vergonha de errar, como eu também não tenho. Por exemplo, este texto deve estar cheio de erros gramaticais (concordância, regência, acentuação, pontuação, etc.). Então, comece um bom exercício apontando os erros deste texto. Você estará praticando ao mesmo que tempo que estará me ajudando a aprender mais e melhor.
Uma resposta bem pragmática seria: estudar. "Óóóóhhhhh, não me diga?", você deve ter pensado. Estas respostas óbvias assim pouco ajudam. O que interessa mesmo é: como estudar? Ou melhor, como aprender? Aí vão algumas dicas e um segredão.
Dica 1: Estudar a teoria. Não há como fugir disso. Antes de mais nada, é preciso conhecer as regras gramaticais. Entender os conceitos é o começo de tudo.
Dica 2: Ler bastante. Isto permite observar a teoria sendo usada na prática e possibilita aumentar o vocabulário, além de ajudar a conhecer as formas de expressão voltadas para públicos específicos. Mas cuidado com o que se lê. A fonte é fundamental. Ler textos mal escritos pode fazer com que os erros comuns sejam absorvidos. Logo, escolha bem os textos e cuidado com fontes de leitura excessivamente informais, como as redes sociais.
Dica 3: Praticar. Aqui entra a prática tanto da teoria escrita quanto da falada. Dizem que a melhor forma de aprender qualquer coisa é praticar. Você sabe muito bem disso. Logo tornar o Português parte de sua rotina é um bom caminho. Isto é, comece a tentar falar sempre corretamente e um pouco mais formalmente. Troque as gírias, as metáforas e expressões coloquiais por termos mais "gramaticalmente corretos". Não precisa ser tão "Caxias" e abandoná-las completamente (relaxe), mas faça como um investimento em você. Que tal fazer isso num chat ou numa rede social? Quem pratica, aprende mais fácil.
Dadas as dicas, aí vem o segredão. Algo que parece ser o mais difícil ou, para muitos, loucura deste que vos escreve. Não tenha vergonha de errar. Isto é, não troque expressões em que você tem dúvidas na aplicação por termos fáceis, só porque tem medo de cometer um erro.
Por exemplo, se na frase "Fulano teve uma grande _____ de popularidade", você tem dúvida entre "perda" e "perca", não invente de mudar a frase para "Fulano teve uma grande queda de popularidade". Esse comodismo só atrapalha o aprendizado. Se tiver falando, use a forma que achar correta. Se estiver escrevendo (e se o tempo permitir), gaste tempo pesquisando a forma correta e use-a. Se, por acaso, errar e alguém corrigi-lo, não se envergonhe, pelo contrário, agradeça-o pela correção e pela oportunidade que lhe deu de aprender a forma correta. Você consegue ser humilde a este ponto?
Esta questão da humildade e de mexer com o ego das pessoas, aliás, é um dos fatores que mais atrapalham aprender qualquer coisa. A sociedade tem sua parcela de culpa por constantemente ridicularizar os erros alheios, ao invés de incentivar sua correção, como também muita gente deixa de corrigir erros de outros (deixando, portanto, de ajudá-lo a aprender) para não magoá-los ou não passar a imagem de que quer ser o "intelectual". Mas isso é tema para outro artigo. Aqui, mais valem as reflexões de que "é errando que se aprende" ou "erre agora para acertar sempre". Muita gente deixa de "fazer", deixa de "usar", deixa de "praticar", deixa de "melhorar" por vergonha de ter seus erros apontados.
Não tenha vergonha de errar, como eu também não tenho. Por exemplo, este texto deve estar cheio de erros gramaticais (concordância, regência, acentuação, pontuação, etc.). Então, comece um bom exercício apontando os erros deste texto. Você estará praticando ao mesmo que tempo que estará me ajudando a aprender mais e melhor.
domingo, 14 de outubro de 2012
O Mensalão e o pré-julgamento popular dos ministros do STF
O julgamento do Mensalão, maior escândalo de corrupção dos últimos anos, ganhou a atenção do brasileiro. Sua longa duração, aliada à repercussão quase diária na mídia, tem feito com que ele seja pauta de debates nas ruas, nos bares, nas redes sociais, em todos os lugares. Todos discutem quem foi condenado, quem foi absolvido, como cada ministro votou, como foi o último bate-boca entre os ministros... Nunca nenhum outro julgamento do Supremo Tribunal Federal foi tão "popular".
Com esses "novos olhares" voltados para o STF, chama a atenção a reação das pessoas comuns às decisões dos ministros. Para o público, estranhamente, os heróis e vilões não são os réus, mas sim aqueles que estão julgando. O ministro Joaquim Barbosa virou herói nacional, aquele que a todos condena. Já o ministro Ricardo Lewandowski "conquistou" a ira popular e ganhou a fama de absolver os "corruptos". Mas será mesmo Joaquim Barbosa herói? Será mesmo Lewandowski vilão?
É claro que todos desejam ver todos os corruptos condenados, porém, o maior erro popular é fazer pré-julgamento. É condenar simplesmente pelo "achismo" de que todo mundo é culpado. É achar que, se um ministro vota pela absolvição, é porque está "comprado", e que, se vota pela condenação, é por ser honesto. Quem entende um pouquinho de Direito sabe que a Justiça não pode se basear hipóteses, mas sim em fatos concretos, ou seja, em provas incontestáveis. Um juiz de direito não pode levar em consideração apenas denúncias ou probabilidades, deve considerar sempre evidências que, fundamentalmente, precisam constar nos autos do processo.
O ministro Lewandowski, quando absolve, sempre argumenta que não há provas consistentes. E, diante desta situação, faz o que qualquer juiz deve fazer: na dúvida, pró réu. Já estas mesmas provas, para Joaquim Barbosa, são comprovações suficientes para condená-los. E, neste caso, vota pela condenação. Ora, ora... o processo é o mesmo, mas os entendimentos são divergentes. Questão de interpretação. Mas quem está interpretando corretamente? Você sabe? A imensa maioria dos "expectadores" do Mensalão já assumiu, como verdade absoluta, que Joaquim Barbosa é "o cara", muito mais pelo desejo de ver todos sendo condenados do que por uma interpretação técnica e racional dos fatos.
Essa mesma maioria que transforma Joaquim Barbosa em novo herói nacional, por acaso, leu os autos do processo? Certamente que não. Então como pode dizer que Lewandowski está absolvendo erradamente? Se formos realmente imparciais, podemos até considerar que, se não há provas, então Joaquim Barbosa é que seria o vilão, por estar usando seus poderes de ministro do STF para condenar sem provas concretas. Mas claro que isso é apenas uma suposição. Cabe a nós, cidadãos comuns, acompanharmos o desenrolar dos fatos e fazermos nossos julgamentos sim, mas com coerência e racionalidade. Joaquim Barbosa e Ricardo Lewandowski divergem em seus votos. Ok! Quem está certo? Apesar de a maioria dos demais ministros acompanharem o relator e da imensa tendência popular pró Barbosa, pelas letras frias da lei, ninguém sabe. Portanto, sem essa de querer criar heróis e vilões.
A verdade é que nós, cidadãos leigos, que apenas acompanhamos o julgamento pela mídia, devemos ser mais cuidadosos com aquilo que achamos ser a verdade. Não podemos nos contaminar por um desejo de justiça inconsequente e achar que todo mundo tem que ser culpado. Não podemos achar que toda absolvição é por "proteção" dos ministros à corrupção. Aliás, se fosse para haver pré-condenação, para que existiria esse julgamento? Para que existiria o STF?
Com esses "novos olhares" voltados para o STF, chama a atenção a reação das pessoas comuns às decisões dos ministros. Para o público, estranhamente, os heróis e vilões não são os réus, mas sim aqueles que estão julgando. O ministro Joaquim Barbosa virou herói nacional, aquele que a todos condena. Já o ministro Ricardo Lewandowski "conquistou" a ira popular e ganhou a fama de absolver os "corruptos". Mas será mesmo Joaquim Barbosa herói? Será mesmo Lewandowski vilão?
É claro que todos desejam ver todos os corruptos condenados, porém, o maior erro popular é fazer pré-julgamento. É condenar simplesmente pelo "achismo" de que todo mundo é culpado. É achar que, se um ministro vota pela absolvição, é porque está "comprado", e que, se vota pela condenação, é por ser honesto. Quem entende um pouquinho de Direito sabe que a Justiça não pode se basear hipóteses, mas sim em fatos concretos, ou seja, em provas incontestáveis. Um juiz de direito não pode levar em consideração apenas denúncias ou probabilidades, deve considerar sempre evidências que, fundamentalmente, precisam constar nos autos do processo.
O ministro Lewandowski, quando absolve, sempre argumenta que não há provas consistentes. E, diante desta situação, faz o que qualquer juiz deve fazer: na dúvida, pró réu. Já estas mesmas provas, para Joaquim Barbosa, são comprovações suficientes para condená-los. E, neste caso, vota pela condenação. Ora, ora... o processo é o mesmo, mas os entendimentos são divergentes. Questão de interpretação. Mas quem está interpretando corretamente? Você sabe? A imensa maioria dos "expectadores" do Mensalão já assumiu, como verdade absoluta, que Joaquim Barbosa é "o cara", muito mais pelo desejo de ver todos sendo condenados do que por uma interpretação técnica e racional dos fatos.
Essa mesma maioria que transforma Joaquim Barbosa em novo herói nacional, por acaso, leu os autos do processo? Certamente que não. Então como pode dizer que Lewandowski está absolvendo erradamente? Se formos realmente imparciais, podemos até considerar que, se não há provas, então Joaquim Barbosa é que seria o vilão, por estar usando seus poderes de ministro do STF para condenar sem provas concretas. Mas claro que isso é apenas uma suposição. Cabe a nós, cidadãos comuns, acompanharmos o desenrolar dos fatos e fazermos nossos julgamentos sim, mas com coerência e racionalidade. Joaquim Barbosa e Ricardo Lewandowski divergem em seus votos. Ok! Quem está certo? Apesar de a maioria dos demais ministros acompanharem o relator e da imensa tendência popular pró Barbosa, pelas letras frias da lei, ninguém sabe. Portanto, sem essa de querer criar heróis e vilões.
A verdade é que nós, cidadãos leigos, que apenas acompanhamos o julgamento pela mídia, devemos ser mais cuidadosos com aquilo que achamos ser a verdade. Não podemos nos contaminar por um desejo de justiça inconsequente e achar que todo mundo tem que ser culpado. Não podemos achar que toda absolvição é por "proteção" dos ministros à corrupção. Aliás, se fosse para haver pré-condenação, para que existiria esse julgamento? Para que existiria o STF?
segunda-feira, 24 de setembro de 2012
A rua da gente não merece nome de gente
Vivi na Rua da Esperança, paralela à Rua da Alegria, transversal à Rua Bela Vista. Como era bonito o nome da minha rua. Realmente era. Mas tudo mudou. Agora a Rua da Esperança não existe mais. Aliás, a rua sim, mas não com seu tão simples e belo nome. Agora, a Rua da Esperança se chama Fulano de Silva e Tal. Agora todos só falam assim: "Onde fica a drogaria? Fica ali na Rua Fulano da Silva e Tal." "Como chego no comércio? Você entra pela Beltrano Tal e Toa e depois chega à Rua Fulano da Silva e Tal...".
Esse tal de Fulano de Silva e Tal e deve ter sido um cara importante. Quem ele era, eu confesso que não sei. Também confesso que não sei o que ele fez durante a vida. Fulano de Silva e Tal morreu e alguém achou por bem que ele não deveria ser esquecido. O que foi feito para perpetuar sua lembrança? Usaram seu nome para batizar uma rua. Mas tinha que ser logo a minha rua a escolhida para receber esse nome feio?
A intenção das autoridades era fazer com que a memória do Sr. Fulano fosse lembrada para a posteridade. Conseguiram? Pensando bem, quem foi mesmo Fulano da Silva e Tal? Hum, na verdade, não sei. Só sei que seu nome agora batizou uma rua.
Está vendo? Ao batizar a rua com o nome do falecido Fulano da Silva e Tal, queriam que ele não fosse esquecido, mas quem foi ele mesmo? Querem que não esqueçamos de quem nunca soubemos quem um dia foi? Coitado do Sr. Fulano. Na prática, Fulano morreu e continua sem ser lembrado. Fulano deixou de ser gente e virou rua. Apenas uma rua.
Ah, mas coitadinha mais ainda da minha rua. Perdeu seu lindo nome e ficou com esse tão feinho. Convenhamos, Rua da Esperança era bem mais agradável que Rua Fulano da Silva e Tal. O mesmo aconteceu com a Rua Bela Vista: virou Rua Princesa Maria da Dores. E também com a Rua da Alegria, que agora chama-se Rua Silvério de Arouxa Siqueira. Como também foi com a Rua Céu Azul, que agora ostenta o nome de mais uma personalidade hoje esquecida, cujo destino foi ter seu nome feio atribuído a uma rua.
Que Papai do Céu proteja as personalidades para que elas nunca morram. Ou que, pelo menos, seus nomes tão feios não sejam usados para rebatizar nossas ruas de nomes bonitos. Afinal, minha Rua Sonho Novo tem um nome muito mais bonito que o de uma pessoa que ninguém lembra mais quem foi.
segunda-feira, 25 de junho de 2012
Manaus e o exemplo inglês
A influência dos ingleses foi marcante na Manaus do final do século XIX e início do século XX. Tal influência deixou reflexos até hoje vistos na arquitetura e na infra-estrutura urbana da área central da cidade. As semelhanças entre Manaus e Londres, na época, iam além da arquiterura urbana e se manifestava também nas características naturais: enquanto a capital inglesa era banhada pelo Rio Tâmisa, a capital amazonense crescia ao lado do Rio Negro e era cortada com uma grande quantidade de pequenos rios, conhecidos como igarapés, todos afluentes do Negro.
Ao longo de muitos anos, Londres despejou todo seu esgoto diretamente no Tâmisa, situação que decretou a morte do rio. No Tâmisa do século XIX, a pesca do salmão já não mais existia e o rio ganhou um apelido nada orgulhoso: O Grande Fedor. O mau cheiro era tanto que várias sessões do Parlamento Britânico chegavam a ser interrompidas. A Manaus do século XIX parecia copiar Londres em tudo. Como era de se esperar, o esgoto manauara teve o mesmo destino dado pelos ingleses: o rio. Ou melhor, os igarapés que cortavam a cidade. Da mesma forma que os peixes e os banhistas sumiram no Tâmisa, os igarapés de Manaus também tiveram a mesma má sorte.
Entre 1850 e 1860, uma grande epidemia de cólera assolou a capital inglesa. Na mesma época, o Príncipe Alberto morreu por febre tifóide. Todos esses fatos foram atribuídos à poluição do Rio Tâmisa. Foi então, que os ingleses tomaram uma sábia decisão: era preciso despoluir o seu rio. Neste ponto, Manaus rompeu seu pacto de copiar a cidade de Londres. O projeto londrino foi em frente. Manaus não fez o seu.
O projeto de limpeza do Tâmisa começou em 1895. Era um longo e sério projeto de captação e tratamento de esgoto que só começou a dar seus primeiros resultados 35 anos depois, quando as águas voltaram a clarear. Mas não parava por aí. 75 anos depois, os salmões começaram a reaparecer. Hoje é possível velejar, remar e até mesmo pescar no rio. O Tâmisa virou exemplo de sucesso em programas de despoluição de rios.
Já em Manaus, mais de 100 anos após o projeto inglês começar, nada de tão relevante foi feito. Pelo contrário, os seus rios se tornaram mais e mais poluídos. Os peixes sumiram. O lixo e o mal cheiro dominam. Tirar toneladas de lixo dos rios numa semana não é projeto de despoluição. Manaus copiava os ingleses em tudo, mas parou no tempo. O exemplo do Tâmisa esta aí para mostrar que os igarapés de Manaus não estão predestinados a serem rios mortos. Pelo contrário, o destino deles está nas mãos das autoridades. É preciso um projeto sério, a ser tocado por vários governantes (municipal e estadual) e seguidos governos, para que os resultados sejam obtidos a médio e longo prazos. Cabe às autoridades executarem projetos que visem o bem da cidade de forma permanente, não apenas projetos paleativos, de curta duração, cujo real objetivo é apenas a próxima eleição.
Ao longo de muitos anos, Londres despejou todo seu esgoto diretamente no Tâmisa, situação que decretou a morte do rio. No Tâmisa do século XIX, a pesca do salmão já não mais existia e o rio ganhou um apelido nada orgulhoso: O Grande Fedor. O mau cheiro era tanto que várias sessões do Parlamento Britânico chegavam a ser interrompidas. A Manaus do século XIX parecia copiar Londres em tudo. Como era de se esperar, o esgoto manauara teve o mesmo destino dado pelos ingleses: o rio. Ou melhor, os igarapés que cortavam a cidade. Da mesma forma que os peixes e os banhistas sumiram no Tâmisa, os igarapés de Manaus também tiveram a mesma má sorte.
Entre 1850 e 1860, uma grande epidemia de cólera assolou a capital inglesa. Na mesma época, o Príncipe Alberto morreu por febre tifóide. Todos esses fatos foram atribuídos à poluição do Rio Tâmisa. Foi então, que os ingleses tomaram uma sábia decisão: era preciso despoluir o seu rio. Neste ponto, Manaus rompeu seu pacto de copiar a cidade de Londres. O projeto londrino foi em frente. Manaus não fez o seu.
O projeto de limpeza do Tâmisa começou em 1895. Era um longo e sério projeto de captação e tratamento de esgoto que só começou a dar seus primeiros resultados 35 anos depois, quando as águas voltaram a clarear. Mas não parava por aí. 75 anos depois, os salmões começaram a reaparecer. Hoje é possível velejar, remar e até mesmo pescar no rio. O Tâmisa virou exemplo de sucesso em programas de despoluição de rios.
Já em Manaus, mais de 100 anos após o projeto inglês começar, nada de tão relevante foi feito. Pelo contrário, os seus rios se tornaram mais e mais poluídos. Os peixes sumiram. O lixo e o mal cheiro dominam. Tirar toneladas de lixo dos rios numa semana não é projeto de despoluição. Manaus copiava os ingleses em tudo, mas parou no tempo. O exemplo do Tâmisa esta aí para mostrar que os igarapés de Manaus não estão predestinados a serem rios mortos. Pelo contrário, o destino deles está nas mãos das autoridades. É preciso um projeto sério, a ser tocado por vários governantes (municipal e estadual) e seguidos governos, para que os resultados sejam obtidos a médio e longo prazos. Cabe às autoridades executarem projetos que visem o bem da cidade de forma permanente, não apenas projetos paleativos, de curta duração, cujo real objetivo é apenas a próxima eleição.
quarta-feira, 30 de maio de 2012
Excesso de leis é o mesmo que não ter leis
Dizem que o Brasil é uma "terra sem lei". Essa expressão estaria totalmente equivocada se fosse explicada apenas pela quantidade de leis criadas. Na década passada, entre os anos de 2000 e 2010 foram criadas 75517 leis em todo o Brasil. Isso significa que, em média, foram criadas 18 leis por dia no país. Definitivamente, lei é o que não falta. Paradoxalmente, é exatamente essa "máquina de fazer que leis" que explica a terra sem lei em que vivemos.
Primeiramente, a sociedade não precisa de leis em quantidade, precisa sim de leis relevantes, isto é, que tragam benefícios reais. Em Jaboatão dos Guararapes, Pernambuco, uma lei obrigava bares a fornecerem a fio-dental aos frequentadores. Em São Paulo, outra lei previa multa a quem não recolhesse as fezes de seus cãezinhos feitas em via pública. Em Porto Alegre, outra lei punia quem fizesse faixas ou outdoors com erros de português. Nenhuma das leis funcionou. Convenhamos, são três exemplos de leis até "bem intencionadas", mas desnecessárias. Todas se referem a questões de comportamento e educação. Cabe ao Estado educar os cidadãos e não transferir o ônus de sua incompetência para terceiros. Cabe ao cidadão educado agir de forma civilizada e não como se estivesse em estado de barbárie.
Além da relevância, uma boa lei precisa ser prática. Não adianta criar centenas de leis, que até podem ser revelantes, mas que são impossíveis ou difíceis de serem aplicadas. Um exemplo é a famosa e conhecidíssima "lei das filas". Essa lei tem variações em diferentes cidades, sendo que a maioria delas diz que o clientes de estabelecimentos como banco e supermercados devem ser atendidos em até 15 minutos. Para isso, tais estabelecimentos devem manter todos os seus caixas em funcionamento. Muito bem, mesmo com todos funcionando, não há garantia alguma de que os limite de 15 minutos seja atendido. Dois office boys numa fila de banco com 30 contas para pagar cada um, por exemplo, seria um fato atípico que elevaria o tempo de atendimento acima do limite.Outra lei assim, é a lei das bitucas, em Sorocaba. É fácil perceber que não há estrutura para punir aqueles que jogam as bitucas de cigarro nos bueiros. Vai ficar um fiscal em cada bueiro?
Esse último exemplo ilustra mais uma característica que uma boa lei precisa ter: possibilidade de fiscalização. Definitivamente, não adianta criar uma lei relevante e prática se forem esquecidos os mecanismos de fiscalização. É preciso prever como e quem deve fazer a fiscalização e dar condições para essa fiscalização seja feita. Quando isso não é feito, a lei entra no hall das famosas "leis que não pegam". Aí cabem muitos exemplos: lei da proibição do uso de celulares nos bancos, lei da vagas reservadas para gestantes, idosos e deficiente e a lei dos biombos nos bancos. São todas leis importantes, mas que "não pegam", simplesmente porque a fiscalização praticamente inexiste. Assim também ocorre com a popular "Lei Seca". Esta funciona, mas apenas nas cidades onde a fiscalizaçao é ostensiva. Naquelas em que não há fiscalização, álcool e direção andam juntos.
Enfim, antes de pensar em criar 18 leis por dia, o país precisa pensar em criar leis que possam funcionar. Uma quantidade exagerada de leis é similar à falta de leis. Quando estas são feitas na marra, sem o mínimo de planejamento, irrelevantes, impraticáveis e sem fiscalização, não "pegam". Viram páginas decorativa, sem qualquer benefício prático para a sociedade.
Primeiramente, a sociedade não precisa de leis em quantidade, precisa sim de leis relevantes, isto é, que tragam benefícios reais. Em Jaboatão dos Guararapes, Pernambuco, uma lei obrigava bares a fornecerem a fio-dental aos frequentadores. Em São Paulo, outra lei previa multa a quem não recolhesse as fezes de seus cãezinhos feitas em via pública. Em Porto Alegre, outra lei punia quem fizesse faixas ou outdoors com erros de português. Nenhuma das leis funcionou. Convenhamos, são três exemplos de leis até "bem intencionadas", mas desnecessárias. Todas se referem a questões de comportamento e educação. Cabe ao Estado educar os cidadãos e não transferir o ônus de sua incompetência para terceiros. Cabe ao cidadão educado agir de forma civilizada e não como se estivesse em estado de barbárie.
Além da relevância, uma boa lei precisa ser prática. Não adianta criar centenas de leis, que até podem ser revelantes, mas que são impossíveis ou difíceis de serem aplicadas. Um exemplo é a famosa e conhecidíssima "lei das filas". Essa lei tem variações em diferentes cidades, sendo que a maioria delas diz que o clientes de estabelecimentos como banco e supermercados devem ser atendidos em até 15 minutos. Para isso, tais estabelecimentos devem manter todos os seus caixas em funcionamento. Muito bem, mesmo com todos funcionando, não há garantia alguma de que os limite de 15 minutos seja atendido. Dois office boys numa fila de banco com 30 contas para pagar cada um, por exemplo, seria um fato atípico que elevaria o tempo de atendimento acima do limite.Outra lei assim, é a lei das bitucas, em Sorocaba. É fácil perceber que não há estrutura para punir aqueles que jogam as bitucas de cigarro nos bueiros. Vai ficar um fiscal em cada bueiro?
Esse último exemplo ilustra mais uma característica que uma boa lei precisa ter: possibilidade de fiscalização. Definitivamente, não adianta criar uma lei relevante e prática se forem esquecidos os mecanismos de fiscalização. É preciso prever como e quem deve fazer a fiscalização e dar condições para essa fiscalização seja feita. Quando isso não é feito, a lei entra no hall das famosas "leis que não pegam". Aí cabem muitos exemplos: lei da proibição do uso de celulares nos bancos, lei da vagas reservadas para gestantes, idosos e deficiente e a lei dos biombos nos bancos. São todas leis importantes, mas que "não pegam", simplesmente porque a fiscalização praticamente inexiste. Assim também ocorre com a popular "Lei Seca". Esta funciona, mas apenas nas cidades onde a fiscalizaçao é ostensiva. Naquelas em que não há fiscalização, álcool e direção andam juntos.
Enfim, antes de pensar em criar 18 leis por dia, o país precisa pensar em criar leis que possam funcionar. Uma quantidade exagerada de leis é similar à falta de leis. Quando estas são feitas na marra, sem o mínimo de planejamento, irrelevantes, impraticáveis e sem fiscalização, não "pegam". Viram páginas decorativa, sem qualquer benefício prático para a sociedade.
domingo, 27 de maio de 2012
Ser feliz é uma escolha
A felicidade está dentro de cada um de nós. Se estamos tristes é por não querer vê-la em nós mesmos e em quem nos quer bem.
Quem escolhe ser feliz, alegra todos a sua volta. Já os que escolhem a tristeza, vai destruindo-os lentamente.
Para os felizes, uma pequena pedra no sapato é um detalhe desprezível de uma caminhada, um problema rapidamente resolvível. Já para os tristes, essa pequena pedra é um grande motivo para desistir de caminhar, algo que ganha mais importância do que deveria.
Ser feliz é uma escolha. É a escolha que eu fiz e que os tristes ainda podem fazer. Ainda dá tempo, para nossa felicidade.
Quem escolhe ser feliz, alegra todos a sua volta. Já os que escolhem a tristeza, vai destruindo-os lentamente.
Para os felizes, uma pequena pedra no sapato é um detalhe desprezível de uma caminhada, um problema rapidamente resolvível. Já para os tristes, essa pequena pedra é um grande motivo para desistir de caminhar, algo que ganha mais importância do que deveria.
Ser feliz é uma escolha. É a escolha que eu fiz e que os tristes ainda podem fazer. Ainda dá tempo, para nossa felicidade.
segunda-feira, 30 de abril de 2012
Cotas raciais: reflexo das outras desigualdades
O Supremo Tribunal Federal decidiu por unanimidade que o sistema de cotas raciais, já adotado pela Universidade de Brasília, para preenchimento das vagas nas universidades, é constitucional. Com isso, todas as demais instituições, que assim quiserem, poderão adotar o mesmo critério.
Segundo argumentos da maioria dos ministros, a decisão foi fundamentada, principalmente, no Artigo 3º da Constituiçao Federal, que diz:
A decisão dos ministros dos STF, estranhamente, parece conflitar com outro artigo da Constituição Federal, o artigo 5º:
Se vivêssemos numa sociedade onde a diferença entre os poucos ricos e os muitos pobre fosse menor, a decisão do STF certamente seria outra. Um dia, quem sabe, a sociedade será mais igualitária ao ponto de que será necessária uma nova votação do Supremo para extinguir as cotas raciais. Dia este que está muito, muito, muito distante. Tão distante que, quando (e se) chegar, não estaremos mais aqui para presenciar.
Segundo argumentos da maioria dos ministros, a decisão foi fundamentada, principalmente, no Artigo 3º da Constituiçao Federal, que diz:
Art. 3º Constituem objetivos fundamentais da República Federativa do Brasil:Para os ministros, a decisão é uma forma de tentar diminuir a desigualdade entre brancos e negros em relação à educação e ao emprego. Convenhamos, até que faz sentido. Porém essa tentativa de diminuir as desigualdades é feita justamente através de um sistema que legaliza as diferenças. Ou seja, um sistema que busca tratar como diferentes pessoas por um critério que há muito a sociedade vem tentando eliminar: o critério da cor da pele.
I - construir uma sociedade livre, justa e solidária;
II - garantir o desenvolvimento nacional;
III - erradicar a pobreza e a marginalização e reduzir as desigualdades sociais e regionais;
IV - promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação.
A decisão dos ministros dos STF, estranhamente, parece conflitar com outro artigo da Constituição Federal, o artigo 5º:
Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade (...)Não é de hoje que se fala em eliminar a discriminação racial, que o tratamento racial desigual é um mal para a sociedade, que todos são iguais, que isso e que aquilo. Todos crescemos ouvindo tudo isso, desde os nossos primeiros passos dos tempos na escola. Agora os rumos mudaram. Com a decisão do STF, a sociedade parece retroceder no tempo e negar tudo aquilo que procurou ensinar a longo dos anos. A decisão busca corrigir uma falha grave da sociedade (a desigualdade econômica) através da institucionalização de uma outra maior ainda: a discriminação racial.
Se vivêssemos numa sociedade onde a diferença entre os poucos ricos e os muitos pobre fosse menor, a decisão do STF certamente seria outra. Um dia, quem sabe, a sociedade será mais igualitária ao ponto de que será necessária uma nova votação do Supremo para extinguir as cotas raciais. Dia este que está muito, muito, muito distante. Tão distante que, quando (e se) chegar, não estaremos mais aqui para presenciar.
sábado, 7 de abril de 2012
É ano de eleição
Esse ano vai ter eleição.
Vamos ver novamente.
Aqueles mesmos políticos sempre.
Todos mentindo para a gente.
Quanto promessa, quanta ilusão.
Lá vem eles sem nojo.
Prometendo tudo novo.
Querendo só enganar o povo.
Veja o grupo da oposição.
Diz que tudo está errado.
Mas quando esteve do outro lado.
Não deixou nada melhorado.
Veja o grupo da situação.
Só puxa o saco e não faz nada.
E ainda diz que as coisas erradas.
Só é culpa da gestão passada.
A campanha eleitoral, a maior competição.
No bairro, é comício todo dia.
No rádio, acusação e baixaria.
E na TV, um montão de promessa vazia.
Mas tem eleitor que merece ser governado por ladrão.
Este sempre vota errado.
Vende o voto pra qualquer candidato.
Querendo apenas ganhar uns trocados.
Já o eleitor esclarecido, diz "a mim, enganam não".
Diz que vota no cara certo.
O que parece mais honesto.
Ou vota em branco como protesto.
E como fica o eleitor, com tanta decepção?
Ele não perde a esperança.
Ele acredita na mudança.
Mas é ele que sempre dança.
Vamos ver novamente.
Aqueles mesmos políticos sempre.
Todos mentindo para a gente.
Quanto promessa, quanta ilusão.
Lá vem eles sem nojo.
Prometendo tudo novo.
Querendo só enganar o povo.
Veja o grupo da oposição.
Diz que tudo está errado.
Mas quando esteve do outro lado.
Não deixou nada melhorado.
Veja o grupo da situação.
Só puxa o saco e não faz nada.
E ainda diz que as coisas erradas.
Só é culpa da gestão passada.
A campanha eleitoral, a maior competição.
No bairro, é comício todo dia.
No rádio, acusação e baixaria.
E na TV, um montão de promessa vazia.
Mas tem eleitor que merece ser governado por ladrão.
Este sempre vota errado.
Vende o voto pra qualquer candidato.
Querendo apenas ganhar uns trocados.
Já o eleitor esclarecido, diz "a mim, enganam não".
Diz que vota no cara certo.
O que parece mais honesto.
Ou vota em branco como protesto.
E como fica o eleitor, com tanta decepção?
Ele não perde a esperança.
Ele acredita na mudança.
Mas é ele que sempre dança.
domingo, 15 de janeiro de 2012
Palmada: nem ao céu, nem ao inferno
No final de 2011 foi, finalmente, aprovada a "Lei Anti-Palmada", aquela que pretende proteger as crianças dos pais violentos. O objetivo da lei é muito claro e todos concordam com ele, inclusive eu, porém não vamos confundir os conceitos de agressão e palmada.
Há quem diga que palmada faz doer e, por isso, é agressão. Muita calma nessa hora. Um simples "bolinho" na mão é claro que dói, porém está muito longe de ser murro, um chute ou uma "pisa" de galho de goiabeira. É preciso considerar a intensidade da ação na hora de considerar um pai que bate no filho como um agressor, um criminoso.
Existem muitas pessoas que defendem a ideia de que, independentemente da intensidade, qualquer ação que cause dor deva ser banida e, por isso, são radicalmente contra a palmada. São os adeptos do "não bata, eduque". Geralmente, são pessoas que dizem nunca terem batido no seu filho. Parabéns para elas! No entanto, é preciso considerar um aspecto importante: cada ser-humano é diferente. Não é possível tratar todos da mesma forma. O que funciona para alguns, pode não funcionar para outros.
Para exemplificar, vejamos um exemplo clássico da teoria de gestão de projetos. Existem gerentes de projetos autoritários, que passam tarefas e ficam o tempo todo cobrando e fiscalizando o que seus gerenciados estão fazendo, e existem os gerentes de projeto motivadores, que passam as tarefas, deixam seus gerenciados à vontade e cobram por resultado. Qual dos dois estilos é o ideal: o autoritário ou o motivador? A resposta é: depende. Depende de quem estaja sendo gerenciado. Há pessoas que só "funcionam" se tiverem um gerente autoritário na supervisão, enquanto que outras só conseguem trabalhar quando deixadas mais há vontade. Isso mostra que não há receita de bolo quando lidamos com pessoas. Novamente: o que funciona para alguns, pode não funcionar para outros.
Assim também são as crianças. Para cada uma delas, deve haver uma forma diferente de tratamento. Para umas, basta os pais falarem uma vez, outras precisam de duas vezes, enquanto que outras nem falando mil vezes. Se algumas podem ser educadas com palavras, outras só com castigo. O castigo ideal também varia de pessoa para pessoa. Para umas, pode ser ficar sem um brinquedo, para outras, ficar sem passear ou ficar sem comer algo que goste, mas tem também aquelas para as quais o castigo ideal é levar uma "boa" palmada. Sim, uma palmada. Não se trata de incentivar a violência, pois a palmada seria um caso extremo, mas, apesar de muitos dizerem que não, pode ser sim educativa, pois cada criança tem uma personalidade, uma índole, um comportamento. Para umas, faz até bem. Acreditem!
Enfim, a lei está aí e sua existência já tem o ponto positivo de trazer o assunto à discussão. Não há dúvidas que as crianças estarão mais protegidas. Agora é preciso avaliar bem o que é palmada e o que é agressão. É preciso não "pecar pelo excesso", considerando qualquer palmada como um crime de outro mundo. Pessoas são diferentes e precisam ser tratadas de forma diferente. Pensemos nisso!
Há quem diga que palmada faz doer e, por isso, é agressão. Muita calma nessa hora. Um simples "bolinho" na mão é claro que dói, porém está muito longe de ser murro, um chute ou uma "pisa" de galho de goiabeira. É preciso considerar a intensidade da ação na hora de considerar um pai que bate no filho como um agressor, um criminoso.
Existem muitas pessoas que defendem a ideia de que, independentemente da intensidade, qualquer ação que cause dor deva ser banida e, por isso, são radicalmente contra a palmada. São os adeptos do "não bata, eduque". Geralmente, são pessoas que dizem nunca terem batido no seu filho. Parabéns para elas! No entanto, é preciso considerar um aspecto importante: cada ser-humano é diferente. Não é possível tratar todos da mesma forma. O que funciona para alguns, pode não funcionar para outros.
Para exemplificar, vejamos um exemplo clássico da teoria de gestão de projetos. Existem gerentes de projetos autoritários, que passam tarefas e ficam o tempo todo cobrando e fiscalizando o que seus gerenciados estão fazendo, e existem os gerentes de projeto motivadores, que passam as tarefas, deixam seus gerenciados à vontade e cobram por resultado. Qual dos dois estilos é o ideal: o autoritário ou o motivador? A resposta é: depende. Depende de quem estaja sendo gerenciado. Há pessoas que só "funcionam" se tiverem um gerente autoritário na supervisão, enquanto que outras só conseguem trabalhar quando deixadas mais há vontade. Isso mostra que não há receita de bolo quando lidamos com pessoas. Novamente: o que funciona para alguns, pode não funcionar para outros.
Assim também são as crianças. Para cada uma delas, deve haver uma forma diferente de tratamento. Para umas, basta os pais falarem uma vez, outras precisam de duas vezes, enquanto que outras nem falando mil vezes. Se algumas podem ser educadas com palavras, outras só com castigo. O castigo ideal também varia de pessoa para pessoa. Para umas, pode ser ficar sem um brinquedo, para outras, ficar sem passear ou ficar sem comer algo que goste, mas tem também aquelas para as quais o castigo ideal é levar uma "boa" palmada. Sim, uma palmada. Não se trata de incentivar a violência, pois a palmada seria um caso extremo, mas, apesar de muitos dizerem que não, pode ser sim educativa, pois cada criança tem uma personalidade, uma índole, um comportamento. Para umas, faz até bem. Acreditem!
Enfim, a lei está aí e sua existência já tem o ponto positivo de trazer o assunto à discussão. Não há dúvidas que as crianças estarão mais protegidas. Agora é preciso avaliar bem o que é palmada e o que é agressão. É preciso não "pecar pelo excesso", considerando qualquer palmada como um crime de outro mundo. Pessoas são diferentes e precisam ser tratadas de forma diferente. Pensemos nisso!
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