sexta-feira, 26 de outubro de 2012

Um segredão para dominar o Português

Dominar a Língua Portuguesa é um dos passos mais básicos para ser bem sucedido social e profissionalmente. É algo tão importante que seu ensino começa desde as primeiras séries e acompanha o estudante por toda sua vida escolar. São inegáveis os benefícios que proporciona àqueles que conseguem falar e escrever corretamente, no entanto, o que dificulta seu aprendizado e, consequentemente, ser uso correto, é justamente o fato de não ser um idioma dos mais fáceis (para muitos é uma verdadeira "tortura"). Então, se você tem vontade, mas sofre com o danado o Português, o que pode ser feito para melhorar seu domínio?

Uma resposta bem pragmática seria: estudar. "Óóóóhhhhh, não me diga?", você deve ter pensado. Estas respostas óbvias assim pouco ajudam. O que interessa mesmo é: como estudar? Ou melhor, como aprender? Aí vão algumas dicas e um segredão.

Dica 1: Estudar a teoria. Não há como fugir disso. Antes de mais nada, é preciso conhecer as regras gramaticais. Entender os conceitos é o começo de tudo.

Dica 2: Ler bastante. Isto permite observar a teoria sendo usada na prática e possibilita aumentar o vocabulário, além de ajudar a conhecer as formas de expressão voltadas para públicos específicos. Mas cuidado com o que se lê. A fonte é fundamental. Ler textos mal escritos pode fazer com que os erros comuns sejam absorvidos. Logo, escolha bem os textos e cuidado com fontes de leitura excessivamente informais, como as redes sociais.

Dica 3: Praticar. Aqui entra a prática tanto da teoria escrita quanto da falada. Dizem que a melhor forma de aprender qualquer coisa é praticar. Você sabe muito bem disso. Logo tornar o Português parte de sua rotina é um bom caminho. Isto é, comece a tentar falar sempre corretamente e um pouco mais formalmente. Troque as gírias, as metáforas e expressões coloquiais por termos mais "gramaticalmente corretos". Não precisa ser tão "Caxias" e abandoná-las completamente (relaxe), mas faça como um investimento em você. Que tal fazer isso num chat ou numa rede social? Quem pratica, aprende mais fácil.

Dadas as dicas, aí vem o segredão. Algo que parece ser o mais difícil ou, para muitos, loucura deste que vos escreve. Não tenha vergonha de errar. Isto é, não troque expressões em que você tem dúvidas na aplicação por termos fáceis, só porque tem medo de cometer um erro.

Por exemplo, se na frase "Fulano teve uma grande _____ de popularidade", você tem dúvida entre "perda" e "perca", não invente de mudar a frase para "Fulano teve uma grande queda de popularidade". Esse comodismo só atrapalha o aprendizado. Se tiver falando, use a forma que achar correta. Se estiver escrevendo (e se o tempo permitir), gaste tempo pesquisando a forma correta e use-a. Se, por acaso, errar e alguém corrigi-lo, não se envergonhe, pelo contrário, agradeça-o pela correção e pela oportunidade que lhe deu de aprender a forma correta. Você consegue ser humilde a este ponto?

Esta questão da humildade e de mexer com o ego das pessoas, aliás, é um dos fatores que mais atrapalham aprender qualquer coisa. A sociedade tem sua parcela de culpa por constantemente ridicularizar os erros alheios, ao invés de incentivar sua correção, como também muita gente deixa de corrigir erros de outros (deixando, portanto, de ajudá-lo a aprender) para não magoá-los ou não passar a imagem de que quer ser o "intelectual". Mas isso é tema para outro artigo. Aqui, mais valem as reflexões de que "é errando que se aprende" ou "erre agora para acertar sempre". Muita gente deixa de "fazer", deixa de "usar", deixa de "praticar", deixa de "melhorar" por vergonha de ter seus erros apontados.

Não tenha vergonha de errar, como eu também não tenho. Por exemplo, este texto deve estar cheio de erros gramaticais (concordância, regência, acentuação, pontuação, etc.). Então, comece um bom exercício apontando os erros deste texto. Você estará praticando ao mesmo que tempo que estará me ajudando a aprender mais e melhor.

domingo, 14 de outubro de 2012

O Mensalão e o pré-julgamento popular dos ministros do STF

O julgamento do Mensalão, maior escândalo de corrupção dos últimos anos, ganhou a atenção do brasileiro. Sua longa duração, aliada à repercussão quase diária na mídia, tem feito com que ele seja pauta de debates nas ruas, nos bares, nas redes sociais, em todos os lugares. Todos discutem quem foi condenado, quem foi absolvido, como cada ministro votou, como foi o último bate-boca entre os ministros... Nunca nenhum outro julgamento do Supremo Tribunal Federal foi tão "popular".

Com esses "novos olhares" voltados para o STF, chama a atenção a reação das pessoas comuns às decisões dos ministros. Para o público, estranhamente, os heróis e vilões não são os réus, mas sim aqueles que estão julgando. O ministro Joaquim Barbosa virou herói nacional, aquele que a todos condena. Já o ministro Ricardo Lewandowski "conquistou" a ira popular e ganhou a fama de absolver os "corruptos". Mas será mesmo Joaquim Barbosa herói? Será mesmo Lewandowski vilão?

É claro que todos desejam ver todos os corruptos condenados, porém, o maior erro popular é fazer pré-julgamento. É condenar simplesmente pelo "achismo" de que todo mundo é culpado. É achar que, se um ministro vota pela absolvição, é porque está "comprado", e que, se vota pela condenação, é por ser honesto. Quem entende um pouquinho de Direito sabe que a Justiça não pode se basear hipóteses, mas sim em fatos concretos, ou seja, em provas incontestáveis. Um juiz de direito não pode levar em consideração apenas denúncias ou probabilidades, deve considerar sempre evidências que, fundamentalmente, precisam constar nos autos do processo.

O ministro Lewandowski, quando absolve, sempre argumenta que não há provas consistentes. E, diante desta situação, faz o que qualquer juiz deve fazer: na dúvida, pró réu. Já estas mesmas provas, para Joaquim Barbosa, são comprovações suficientes para condená-los. E, neste caso, vota pela condenação. Ora, ora... o processo é o mesmo, mas os entendimentos são divergentes. Questão de interpretação. Mas quem está interpretando corretamente? Você sabe? A imensa maioria dos "expectadores" do Mensalão já assumiu, como verdade absoluta, que Joaquim Barbosa é "o cara", muito mais pelo desejo de ver todos sendo condenados do que por uma interpretação técnica e racional dos fatos.

Essa mesma maioria que transforma Joaquim Barbosa em novo herói nacional, por acaso, leu os autos do processo? Certamente que não. Então como pode dizer que Lewandowski está absolvendo erradamente? Se formos realmente imparciais, podemos até considerar que, se não há provas, então Joaquim Barbosa é que seria o vilão, por estar usando seus poderes de ministro do STF para condenar sem provas concretas. Mas claro que isso é apenas uma suposição. Cabe a nós, cidadãos comuns, acompanharmos o desenrolar dos fatos e fazermos nossos julgamentos sim, mas com coerência e racionalidade. Joaquim Barbosa e Ricardo Lewandowski divergem em seus votos. Ok! Quem está certo? Apesar de a maioria dos demais ministros acompanharem o relator e da imensa tendência popular pró Barbosa, pelas letras frias da lei, ninguém sabe. Portanto, sem essa de querer criar heróis e vilões.

A verdade é que nós, cidadãos leigos, que apenas acompanhamos o julgamento pela mídia, devemos ser mais cuidadosos com aquilo que achamos ser a verdade. Não podemos nos contaminar por um desejo de justiça inconsequente e achar que todo mundo tem que ser culpado. Não podemos achar que toda absolvição é por "proteção" dos ministros à corrupção. Aliás, se fosse para haver pré-condenação, para que existiria esse julgamento? Para que existiria o STF?