Era uma vez uma garotinha chamada Dilma. Desde os tempos de escola, ela sempre foi atuante e participativa. Ao longo da vida escolar, chegou até a ser punida por contrariar os diretores da escola, pela forma com que defendia seus ideais e de seus colegas estudantes. Dilma cresceu, começou a trabalhar e não mais se envolveu com conflitos.
Um dia, Dilma resolveu participar de algo que nunca tinha feito em toda sua vida: participar de um reality show. Era uma competição em que os participantes precisariam mostrar qualidades e ganhar a preferência do público. O vencedor, definido pela escolha dos espectadores, receberia como prêmio um carro de luxo. Apesar de sua pouca experiência, ela não estava só e teve o apoio importantíssimo de ex-participantes deste mesmo reality, inclusive apoio do último vencedor. E quem diria? Após uma dura disputa, o público a escolheu como vencedora.
Dilma recebeu o prometido prêmio e, junto com ele, algumas regalias: poderia desfrutar do seu carro de luxo a toda hora e também, durante alguns anos, não pagaria os impostos, a manutenção e o combustível. Tudo seria perfeito, exceto por uma condição: durante o tempo de carência do seu prêmio, Dilma não poderia se envolver em acidentes de trânsito, nem cometer nenhuma infração. Caso contrário, perderia imediatamente o prêmio, que seria repassado a um dos participantes derrotados no reality.
Apesar do êxito na disputa, a vitória de Dilma foi apertadíssima e nunca foi muito bem aceita nem pelos concorrentes derrotados, nem pela parte do público simpatizante desses outros concorrentes. Ainda durante o programa, alguns competidores se tornaram seus inimigos e assim continuaram após o reality. Alguns desses inimigos, por diversas vezes, questionaram sua vitória e pleitearam a devolução do prêmio. As alegações não chegaram a ser aceitas e Dilma desfrutou de seu carrão à vontade. Ela ia ao trabalho, ao parque, ao cinema, ao supermercado... Muitas pessoas a reconheciam na rua e ficavam felizes ao vê-la passar motorizada. Já outros, simpatizantes de concorrentes derrotados, torciam o nariz.
Nossa personagem aproveitou bastante seu prêmio, porém ela tinha um defeito: não era muito cuidadosa com seu carro. Era comum deixar o carro vários meses sem lavar, abastecia o combustível em postos de qualidade duvidosa, estacionava na rua ou em vagas apertadas... Seu carro já tinha tantos arranhões que muitas pessoas chegaram a dar conselhos para que cuidasse melhor dele, mas ela ignorava. Devido à falta de cuidados, seus inimigos até chegaram a pedir a devolução do carro e um novo reality, mas esta hipótese não era prevista no regulamento do programa. Somente haveria perda do prêmio nos casos já citados anteriormente.
Dilma também tinha um outro defeito, vivia se atrasando para ir trabalhar. De tanto chegar tarde, muitas vezes o estacionamento da empresa já se encontrava lotado e o carro acabava sendo estacionado nas ruas próximas. Em uma dessas ruas, era comum ver carros de outros funcionários estacionados, apesar de existirem placas de estacionamento proibido. A cena se repetia todos os dias e, mesmo com as placas, ninguém era multado. Mas, como já sabíamos, Dilma colecionou muitos inimigos e, numa dessas vezes em que ela estacionou na tal rua, um de seus inimigos a denunciou. A autoridade de trânsito, então, rebocou seu carro e aplicou-lhe uma multa. A agora infratora tentou se defender. Alegou que outras pessoas também estacionavam naquela rua há anos e nunca foram multadas, mas sua tentativa de defesa foi em vão. A lei era clara.
Com a infração consumada, os inimigos trataram logo de pleitear a posse do carro junto à organização do reality show. Dilma também tentou se defender, alegando que não havia cometido nenhuma infração tão grave assim e que outras pessoas, inclusive as que estavam requerendo o carro, também estacionavam ali sem nunca terem sido multadas. Além do mais, em sua defesa, Dilma alegou que não houve dolo na sua conduta e que, na verdade, estava sendo vítima de um golpe, pois sua multa só foi aplicada como fruto de uma armação dos seus inimigos, que aguardaram exatamente ela estacionar ali para chamar o agente de trânsito. A defesa de Dilma foi em vão por dois motivos: a punição estava claramente prevista no regulamento e, principalmente, porque a maior parte dos seus julgadores também era formada por seus inimigos ou por quem tinha interesse na perda de seu prêmio. Dessa forma, suas alegações sequer foram levadas em consideração e o regulamento do programa foi aplicado ao pé da letra: infração de trânsito = perda do carro.
E assim, Dilma agora anda a pé. O carrão de luxo agora está nas mãos de quem não venceu na preferência popular.
De tudo isso, ficam algumas lições para Dilma e para todos nós:
1) Não seja adepto do “se todo faz, que mal tem”. Um dia o agente de trânsito pode passar bem na hora e a lei será aplicada.
2) Tenha amigos. Quem tem inimigos corre o risco de tê-los o tempo todo de olho na sua vida, esperando seus deslizes para denunciá-los.
3) Ande sempre na linha. Assim, mesmo que tenha muitos inimigos, se você não cometer erros, seus inimigos não terão o que denunciar.
Foi isso que aconteceu com você, querida. Um monte de gente estava de olho no seu carrão e fazendo de tudo para tirá-lo de ti. Você pisou na bola sim e eles astutamente aproveitaram. Era só não ter cometido o “erro de responsabilidade” que você não teria dado a chance que eles queriam e você continuaria, até hoje, com seu carro de luxo. Mesmo malcuidado e quase acabado, ele continuaria sendo seu.
Grande mestre Parabéns pela iniciativa. o Brasil precisa de mais pessoas assim
ResponderExcluirObrigado! Legal que gostou.
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