domingo, 15 de janeiro de 2012

Palmada: nem ao céu, nem ao inferno

No final de 2011 foi, finalmente, aprovada a "Lei Anti-Palmada", aquela que pretende proteger as crianças dos pais violentos. O objetivo da lei é muito claro e todos concordam com ele, inclusive eu, porém não vamos confundir os conceitos de agressão e palmada.

Há quem diga que palmada faz doer e, por isso, é agressão. Muita calma nessa hora. Um simples "bolinho" na mão é claro que dói, porém está muito longe de ser murro, um chute ou uma "pisa" de galho de goiabeira. É preciso considerar a intensidade da ação na hora de considerar um pai que bate no filho como um agressor, um criminoso.

Existem muitas pessoas que defendem a ideia de que, independentemente da intensidade, qualquer ação que cause dor deva ser banida e, por isso, são radicalmente contra a palmada. São os adeptos do "não bata, eduque". Geralmente, são pessoas que dizem nunca terem batido no seu filho. Parabéns para elas! No entanto, é preciso considerar um aspecto importante: cada ser-humano é diferente. Não é possível tratar todos da mesma forma. O que funciona para alguns, pode não funcionar para outros.

Para exemplificar, vejamos um exemplo clássico da teoria de gestão de projetos. Existem gerentes de projetos autoritários, que passam tarefas e ficam o tempo todo cobrando e fiscalizando o que seus gerenciados estão fazendo, e existem os gerentes de projeto motivadores, que passam as tarefas, deixam seus gerenciados à vontade e cobram por resultado. Qual dos dois estilos é o ideal: o autoritário ou o motivador? A resposta é: depende. Depende de quem estaja sendo gerenciado. Há pessoas que só "funcionam" se tiverem um gerente autoritário na supervisão, enquanto que outras só conseguem trabalhar quando deixadas mais há vontade. Isso mostra que não há receita de bolo quando lidamos com pessoas. Novamente: o que funciona para alguns, pode não funcionar para outros.

Assim também são as crianças. Para cada uma delas, deve haver uma forma diferente de tratamento. Para umas, basta os pais falarem uma vez, outras precisam de duas vezes, enquanto que outras nem falando mil vezes. Se algumas podem ser educadas com palavras, outras só com castigo. O castigo ideal também varia de pessoa para pessoa. Para umas, pode ser ficar sem um brinquedo, para outras, ficar sem passear ou ficar sem comer algo que goste, mas tem também aquelas para as quais o castigo ideal é levar uma "boa" palmada. Sim, uma palmada. Não se trata de incentivar a violência, pois a palmada seria um caso extremo, mas, apesar de muitos dizerem que não, pode ser sim educativa, pois cada criança tem uma personalidade, uma índole, um comportamento. Para umas, faz até bem. Acreditem!

Enfim, a lei está aí e sua existência já tem o ponto positivo de trazer o assunto à discussão. Não há dúvidas que as crianças estarão mais protegidas. Agora é preciso avaliar bem o que é palmada e o que é agressão. É preciso não "pecar pelo excesso", considerando qualquer palmada como um crime de outro mundo. Pessoas são diferentes e precisam ser tratadas de forma diferente. Pensemos nisso!

Um comentário: