domingo, 30 de março de 2025
Uma reflexão sobre o tempo
segunda-feira, 21 de novembro de 2022
Devir
Mudança. A vida pede mudança.
A mudança muitas vezes não é bem assimilada e, muitas vezes, não é desejada. Após uma longa batalha, nosso sonho é parar e ficar nessa inércia deliciosa, curtindo a vitória alcançada ou desistindo de lutar após um revés. Tendemos instintivamente a buscar uma zona de conforto, a buscar uma estabilidade que possibilite acalmar nossa vida. O problema é quando esta calmaria nos acomoda ao ponto de nos paralisar.
Felizmente, apesar da nossa busca pela zona de conforto, somos seres com enorme condição de mudança. Somos como um rio, que renova suas águas constantemente. As águas que você vê no rio hoje, amanhã não são mais as mesmas porque o rio está em constante mudança. Assim também somos (ou precisamos ser).
O ser humano que se acomoda não evolui. O ser humano que se acomoda não aprende. E se não evolui e nem aprende se torna escravo de uma condição. É a "síndrome de Gabriela": eu nasci assim, eu cresci assim, serei sempre assim...
Mudar a si mesmo. Transformar-se. Tornar-se melhor do que ontem ou, simplesmente, mudar para se adaptar a uma nova realidade ou para escrever um novo caminho dali para frente... É o que a filosofia costuma chamar de devir.
Devir é um processo constante de mudança e transformação pelo qual algo ou alguém passa, que é capaz de mudar a si mesmo e, muitas vezes, também o que está a sua volta. A mudança algumas vezes depende de nossa vontade de querer mudar. Outras vezes, a mudança é imposta pela vida sem opção de escolha. Ela simplesmente acontece. Se a vida muda, você é obrigado a adaptar-se a ela e precisa mudar a si próprio também. É uma mudança necessária e cujos passos de transformação podem ser tão longos quanto o tamanho da mudança.
Então, não podemos temer a mudança e nem ficar preso a uma zona de conforto. Mudar é essencial para evoluirmos, para sermos melhores ou alcançarmos o que desejamos. Não tenha medo de mudar. Devir é uma necessidade para nossa felicidade.
domingo, 31 de agosto de 2014
O racismo e os novos valores da sociedade
O racismo é um crime dos mais lesivos à dignidade das pessoa. Está presente há anos em nosso meio, anterior mesmo "ao tempo em que King Kong era um saguim". Felizmente, grande parte das pessoas já não aceita os racistas com a mesma tolerância que antigamente. Mesmo ainda não suficiente para extinguir atos racistas, percebe-se que um novo valor vem sendo consolidado. A grande repercussão negativa de episódios assim são, aparentemente, indícios disso.
Da mesma forma como vem acontecendo com o racismo, já vemos mudanças de comportamentos da sociedade referentes a não aceitação de alguns poucos atos similares e igualmente denigrentes: homofobia e bullying são exemplos. É verdade que os casos de racismo, homofobia e bullying se tornaram até mais evidentes com as redes sociais, no entanto a repercussão negativa deles também tem sido alavancada pelas próprias redes. Em outras palavras, se as redes facilitam a proliferação desses comportamentos, elas igualmente provocam uma discussão sobre o tema que é de grande contribuição para que a sociedade possa refletir, mudar conceitos e formar novos valores.
Quase mudando de assunto (sem sair do tema), também chama a atenção que alguns comportamentos passaram a ser recriminados pela coletividade de forma veemente, enquanto outros ainda nem tanto. Por exemplo, xingar alguém em rede social de macaco se tornou caso de polícia, mas chamar alguém de homossexual aparentemente não choca tanto. Ora, o primeiro caso é de racismo e o segundo de homofobia, não é mesmo? Não deveriam ser tratados da mesma forma? Aliás, por que opção sexual é um xingamento? Bom, discutamos isso em outro texto.
Voltemos ao tema no contexto do futebol: jogadores do time adversário são xingados pela torcida local desde o aquecimento até o final de uma partida. São chamados de cabeças-chatas ou paraíbas (no caso de jogadores de times nordestinos), bambis, barbies e viados (homofobia), índios (no caso de jogadores de estados da região Norte), etc... Torcedores também fazem isso, xingando uns aos outros. Não vemos maiores repercussões por estes xingamento. São isolados os casos em que jogadores foram a uma delegacia denunciarem terem sido chamados de "paraíba" ou de "bicha". Aparente e estranhamente, é permitido xingar de quase tudo, exceto se o xingamento for racista.
Nas redes sociais, comportamentos semelhantes acontecem. Se você discutir com alguém em rede social e xingá-lo, o episódio terá grandes de chances de repercutir apenas como um "simples xingamento" no calor de uma discussão, mas se chamá-lo de preto, tende a virar processo por racismo. Ainda vemos algumas repercussões negativas envolvendo xenofobia ou homofobia, mas em grau bem menor que nos casos de racismo. Bem menor, é verdade, mas, pelo menos, já começam a acontecer.
No fim das contas, todos os casos citados envolvem injúria, discriminação ou rebaixamento das vítimas. Todos os esteriótipos atribuídos a alguém visam denegrir sua condição, seja por racismo, xenofobia, homofobia, condição social, sexo, deficiência física ou qualquer outro atributo. Felizmente, a sociedade já está "tomando partido" de algumas causas e considerando determinados comportamentos inadequados. Isso é bom e mostra que estamos em um processo de evolução. Falta atentarmos para outras situações e levantarmos também outras bandeiras. Tudo em nome do respeito e da dignidade da pessoa humana.