A política é uma das ciências mais presentes em nosso cotidiano. Na conceituação erudita, política é "a arte de conquistar, manter e exercer o poder, o governo". Numa conceituação moderna, "política é a ciência moral normativa do governo da sociedade civil". Não há dúvidas que o interesse pela política é não apenas importante para o cidadão, mas um dever que todos devem ter, pois é justamente dos fatos e das decisões políticas que depende o futuro da sociedade. Mas como manter-se entusiasmado por ela vendo, a cada dia, exemplos e mais exemplos de fatos e pessoas que estragam esta arte e decepcionam aqueles que por ela se interessam?
Conceitualmente política denomina arte ou ciência da organização, direção e administração de nações ou Estados. Os políticos são os agentes que fazem a política, ou seja, participam diretamente desta administração. "Ser político", na teoria, parece uma missão, algo que visa o bem da coletividade. Infelizmente, vemos que o bem que é visado se restringe não mais que até os limites dos muros das casas de cada político.
Vejamos os exemplos que nos rodeiam. No período eleitoral, deveríamos ter um momento para "debates e propostas", mas o que temos são "embates e chacotas". Em busca de votos, os candidatos passam mais tempo procurando desqualificar os adversários que discutindo e apresentando projetos para apreciação dos eleitores. Os postulantes aos diversos cargos não fazem uso do fair play, tão pregado nas competições esportivas, mas se utilizam de todo e qualquer tipo de baixaria para "destruir o inimigo". Passadas as eleições, durante o mandato, estabelece-se quem é situação e oposição. Estes dois grupos passam a confrontar-se e a agredir-se. Mais importante que os projetos é destruir o outro grupo.
No Brasil, os cargos políticos são disputados praticamente "a tapa". Pelo comportamento dos políticos, ocupar um cargo não é um objetivo motivado por um projeto ou pelo desejo de fazer o melhor pela sociedade, mas sim motivado por um bom emprego. Um emprego que trará bons rendimentos financeiros, mordomias e benefícios. Isso fica muito claro, quando vemos políticos não concluindo mandatos e sim "pulando" de cargo em cargo, seja para ocupar uma posição mais atrativa ou para ficar mais tempo no poder. Assim vemos alguém ser eleito vereador para um mandato de quatro anos, mas, dois anos depois, ele já está concorrendo a deputado. E, após ser eleito deputado, já concorre dois anos depois a prefeito. Já quando é eleito senador, para um mandato de oito anos, na primeira eleição seguinte já tenta se eleger prefeito. Já em outra oportunidade se afasta do senado (ou da câmara de vereadores) para ser ministro (ou secretário). Uma infinita repetição de mandatos interrompidos.
Algumas vezes, surgem políticos que parecem ser diferenciados e se tornam "herois. Estes conquistam a confiança e o respeito por sua bela história política, mas parecem se contaminar pelo submundo político e destroem sua reputação em segundos. Veja o exemplo do ex-presidente Lula. Teve uma infância pobre, entrou para a política e teve uma trajetória brilhante. Tornou-se o primeiro presidente ex-operário. Conquistou muitos simpatizantes, mas a podridão dos bastidores que o cercava o contaminou. É verdade que Lula, até o presente momento, não tem sobre suas costas qualquer acusação grave de que tenha participado de esquemas de corrupção. Como disse uma vez um amigo, qualquer jornalista tem o sonho de publicar algo grave contra ele, mas, se até agora não fez, deve ser porque realmente não existe, mas, mesmo aparentemente não se corrompendo, o "heroi" Lula ficou cercado de corruptos e não foi capaz de denunciá-los. Pelo contrário, ganhou o estigma daquele que "não sabia" ou "não viu". O comportamento do ex-presidente com relação aos corruptos de seu partido é bem diferente dos tempos em que ele era oposição e denunciava os corruptos de outros partidos.
Também temos muitos outros comportamentos que nos decepcionam. Políticos que hoje se dão as mãos, nas próximas eleições se tornam inimigos mortais. E inimigos de longas datas, magicamente, se unem. Tudo pela conveniência do jogo político. Outros cumprem mandatos inteiros e não apresentam projetos ou não defendem causa alguma, mas baixam a cabeça e obedecem a todas as ordens do seu grupo político. Os políticos de "nome", os mais poderosos, usam sua influência para conquistar cargos para seu partido, quando poderiam estar trabalhando pela sociedade. Assim vemos governadores se metendo em eleição para presidentes de câmara municipal e senadores influenciando eleições para prefeitos. Até mesmo denúncia de chantagem foi comentada na última eleição para fazer um ou outro pré-candidato desistir da candidatura em favor de outra pessoa.
O comportamento dos eleitos também desilude o mais otimista dos cidadãos. Vemos a dificuldade que é aprovar determinados projetos de relevância para a sociedade em contraste com a velocidade em tempo recorde para votar e aprovar um aumento de salários para eles mesmos. Vemos superfaturamentos e desvios de dinheiro aos montes em contraste com a falta de verba e de investimentos em setores como educação, saneamento, transportes e segurança pública. Vemos ações e obras necessárias, mas que não são feitas porque não dão "ibope", afinal a prioridade é fazer algo que chame a atenção de eleitores visando as próximas eleições. No Congresso Nacional, diversos partidos vendem apoio ao governo federal em troca de "conquistar" um ou mais ministérios. Mais recentemente, presenciamos até uma vereadora que foi capaz de forjar o próprio sequestro como uma manobra para adiar a votação para a eleição do presidente na câmara.
Enfim, a política vai decepcionando aqueles que têm consciência de sua relevância. Não a política, necessariamente, mas aqueles que a fazem. Uma arte mal aproveitada que mais parece um jogo de intrigas, e maracutaias que visa o interesse pessoal. A política não perde sua importância, mas desilude quem a acompanha, cada vez mais, a cada dia.
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