segunda-feira, 21 de novembro de 2022

Devir

Mudança. A vida pede mudança. 

A mudança muitas vezes não é bem assimilada e, muitas vezes, não é desejada. Após uma longa batalha, nosso sonho é parar e ficar nessa inércia deliciosa, curtindo a vitória alcançada ou desistindo de lutar após um revés. Tendemos instintivamente a buscar uma zona de conforto, a buscar uma estabilidade que possibilite acalmar nossa vida. O problema é quando esta calmaria nos acomoda ao ponto de nos paralisar.

Felizmente, apesar da nossa busca pela zona de conforto, somos seres com enorme condição de mudança. Somos como um rio, que renova suas águas constantemente. As águas que você vê no rio hoje, amanhã não são mais as mesmas porque o rio está em constante mudança. Assim também somos (ou precisamos ser).

O ser humano que se acomoda não evolui. O ser humano que se acomoda não aprende. E se não evolui e nem aprende se torna escravo de uma condição. É a "síndrome de Gabriela": eu nasci assim, eu cresci assim, serei sempre assim...

Mudar a si mesmo. Transformar-se. Tornar-se melhor do que ontem ou, simplesmente, mudar para se adaptar a uma nova realidade ou para escrever um novo caminho dali para frente... É o que a filosofia costuma chamar de devir

Devir é um processo constante de mudança e transformação pelo qual algo ou alguém passa, que é capaz de mudar a si mesmo e, muitas vezes, também o que está a sua volta. A mudança algumas vezes depende de nossa vontade de querer mudar. Outras vezes, a mudança é imposta pela vida sem opção de escolha. Ela simplesmente acontece. Se a vida muda, você é obrigado a adaptar-se a ela e precisa mudar a si próprio também. É uma mudança necessária e cujos passos de transformação podem ser tão longos quanto o tamanho da mudança.

Então, não podemos temer a mudança e nem ficar preso a uma zona de conforto. Mudar é essencial para evoluirmos, para sermos melhores ou alcançarmos o que desejamos. Não tenha medo de mudar. Devir é uma necessidade para nossa felicidade.

domingo, 2 de outubro de 2022

Os maiores derrotados no 1º turno das eleições de 2022

Terminamos o primeiro turno da eleição presidencial de 2022. Esperava-se uma eleição conturbada, porém, felizmente, a quantidade de ocorrências foi baixa e podemos dizer que foi até tranquila. Venceu a democracia!

O primeiro turno, no entanto, teve um derrotado. Alias, foram mais de um. E não estou falando de candidatos. Os derrotados deste domingo foram os institutos de pesquisa.

Pesquisas presidenciais de 2022


A pesquisa do instituto Brasmarket, por exemplo, divulgada há dois dias da eleição, apontava vitória de Bolsonaro com 45% e dava Lula com 30%. E teve muita gente acreditando e divulgando. Esse instituto realmente não tem a menor credibilidade.

Se o Brasmarket errou feio, quem errou mais ainda foi o "Instituto DataPovo", aquele criado no "Incrível Mundo de Bolsonaro". Há duas semanas, o próprio Bolsonaro afirmou, em Londres, em entrevista ao SBT, que o esperado seria sua vitória em 1º turno com no mínimo 60% dos votos. Passou longe!

E o Datafolha e o Ipec? Nas pesquisas destes, que são os dois principais institutos de pesquisa do país, divulgadas em 1º de outubro, havia uma previsão de Lula com 50%, Bolsonaro com 36% e Ciro e Tebet somados com 11%. No resultado deste domingo, Lula, sozinho, caiu para 48%, dentro da margem de erro. Porém, se juntarmos os votos de Lula, Ciro e Tebet houve uma queda somada destes três de 7%. E todos os votos a menos foram para Bolsonaro, que estava na pesquisa com 36% e terminou tendo 43%. Uma diferença de 7% para um candidato, sendo este o único que subiu, enquanto todos os outros caíram, só é justificável se tivesse existido um fato novo, nos últimos dias, capaz de mudar a opinião de boa parte do eleitorado, como um escândalo, uma grande fake news ou uma declaração infeliz, mas vejo que nada relevante aconteceu. 

Datafolha e Ipec erraram na votação de Bolsonaro e erraram mais ainda nas votações para governador de São Paulo (com uma virada com folga de Tarcísio sobre Haddad) e do Rio Grande do Sul (onde Onyx Lorenzoni terminou em 1º também com uma folga inesperada). Agora, os técnicos de ambos os institutos devem e precisar revisar suas metodologias, sob pena de caírem em descrédito. Não creio que Datafolha e Ipec mentem, mas erram. E o pior foi que os principais erros acabaram sendo justamente nos candidatos bolsonaristas. Se a turma doutrinada pelo bolsonarismo já adorava o blá, blá, blá de dizer que as pesquisas eram todas fraudadas, mesmo sem fundamento, agora foi que deram munição para que os mais fanáticos acreditem nisso. 

Por incrível que pareça, o instituto que trouxe a pesquisa mais próxima do resultado deste domingo foi a sempre questionada Paraná Pesquisas, com Lula tendo 47% (acertou) e Bolsonaro tendo 40% (dentro da margem de erro de 3%). 

E por que este texto criticando tanto as pesquisas? Justamente porque pesquisa é coisa séria. Os seus resultados influenciam muito o eleitorado. Por exemplo, muitas pessoas deixam de votar em quem preferem quando seus candidatos aparecem "sem chances" nas pesquisas. É preciso ter consciência que pesquisas não são bolas de cristal e que elas são apenas uma amostragem para trazer uma previsão, ou seja, uma tendência do resultado. Elas não devem cravar resultados, no entanto precisam ter um grau de confiança alto, com margem de erro pequena, justamente pelo poder de influência que possuem.

Enfim, tirando a Paraná Pesquisas, todos erraram e os principais institutos vão precisar melhorar no segundo turno, porque, no primeiro, foram eles os maiores derrotados.