"Viver é uma arte, é um ofício, mas é preciso cuidado...", já dizia a música. Passamos a vida toda cercados pelo perigo e por diversas incertezas. Temos medo de sofrer, temos medo de nos machucarmos, temos medo de ficarmos sós, temos medo de passarmos fome, temos medo de adoecer, temos medo de sermos roubados, temos medo de morrer. E por causa dos riscos que ela oferece, passamos a viver constantemente tomando precauções. Tantas precauções para podermos viver que, muitas vezes, deixamos "de viver".
Evitamos sair à rua para não sermos assaltados e, assim, ficamos trancados em casa. Evitamos comidas gordurosas para não entupir nossas artérias e, assim, comemos o que não nos dá prazer. Evitamos fazer aquela pergunta ao professor para não passar vergonha de uma pergunta boba e, assim, ficamos com a dúvida mal esclarecida. Evitamos brincar na chuva para não ficarmos gripados e, assim, deixamos de aproveitar uma das melhores coisas da vida. Evitamos pedalar na pista para não sermos atropelados por um carro, assim, ficamos presos no trânsito ou dentro de um ônibus lotado. Evitamos passear na véspera de uma prova para ficar estudando de última hora e, assim, nem aprendemos direito nem curtimos o passeio. Resolvemos poupar dinheiro hoje para termos tranquilidade no futuro e, assim, nem aproveitamos o dinheiro hoje e nem sabemos se aproveitaremos no futuro. Evitamos revelar nosso amor para não sofrermos a decepção de uma rejeição e, assim, ficamos sem a chance de amar.
Enfim, passamos a vida com medo, evitando aquilo que pode nos fazer sofrer e perdemos a chance de aproveitar o melhor da vida. Tanta precaução, tanta preocupação, tantos cuidados, tanto investimento no futuro... no futuro... Aquele futuro que, muitas vezes, pode não chegar. Como não chegou para aquelas mais de 150 vidas que foram bruscamente interrompidas por um copiloto que resolveu derrubar o avião.
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