sábado, 19 de outubro de 2013

Toda atitude muda o mundo

João da Silva está no enterro de seu filho Joãozinho, que morreu aos quinze anos de idade. João da Silva hoje chora, olha para o céu e se pergunta: "Por que?" Essa história começou há pouco mais de cinco anos. Foi assim.

João da Silva era uma grande fazendeiro, que precisava de muita água para saciar a sede do seu gado e irrigar suas plantações. João da Silva, corrompeu Sebastião, Juarez e Jacó. Os três participaram de uma esquema que desviou água da rede de abastecimento diretamente para a fazenda de João da Silva. O roubo de água, nunca descoberto, comprometeu o abastecimento da cidade de Caipiri. Seu Antônio, morador de Caipiri, sofria com a falta de água. Por muitas vezes deixava de trabalhar porque precisava andar cinco quilômetros para buscar alguns baldes de água na cacimba do Dr. Malaquias. Acabou perdendo o emprego. Como não tinha como ir buscar água sozinho, Seu Antônio fazia as viagens para buscar água com seu filho Pedro, que, por isso, deixava de ir à escola.

De tanto levar falta, Pedro foi reprovado diversas vezes até abandonar de vez a escola. Além de sede, Pedro tinha fome, e acabou se juntando à turma de Inácio para praticar assaltos na cidade. A turma de Inácio era formada por vários bandidos, todos jovens que buscavam na criminalidade uma fonte de recursos para minimizar sua miséria. A turma de Inácio só crescia. Até que, um dia, a turma de Inácio tentou assaltar a Padaria do Portuga. Mas Portuga estava preparado e trocou tiros com os bandidos que fugiram em debandada. Na troca de tiros, uma bala perdida acertou um jovem do outro lado da rua: era Joãozinho, filho de João da Silva.

No começo do texto, no enterro do seu filho, João da Silva se perguntava porque aquilo tinha acontecido logo com seu filho. Ele não percebeu, mas talvez Joãozinho não tivesse sido baleado se o assalto à Padaria do Portuga não tivesse acontecido. O assalto talvez não tivesse acontecido se a turma de Inácio não tivesse sido formada. A turma de Inácio não teria sido formada se Pedro e outros jovens que a formaram estivessem na escola. Pedro e outros jovens estariam na escola se não estivessem passando fome e sede. Pedro poderia não estar passando fome se seu pai, Antônio, pudesse estar trabalhando, ao invés de levar seu filho para buscar água. Antônio poderia estar trabalhando se Caipiri tivesse água. Água, esta, que estava sendo desviada para a fazenda de João da Silva, que, agora, perguntava porque seu filho não estava mais vivo.

Esta história mostra que tudo aquilo que fazemos tem reflexo em tudo que está a nossa volta. Ações, comportamentos e atitudes, por menores que sejam, boas ou más, mudam o mundo. Você está no mundo, então você é capaz de influenciá-lo, positiva ou negativamente. Além do mais, tudo que se planta, colhe-se. Tudo que damos ao mundo, recebemos de volta, como aconteceu com João da Silva. Pense nisso antes de buscar satisfazer suas necessidades a custo do sofrimento dos outros. Pense nisto, antes de tratar mal alguém necessitado. Pense nisto, antes de furar uma fila de espera. Pense nisto no seu trabalho, no trânsito, no ônibus, na sua vizinhança.

Não julgue as pessoas. Antes disso, saiba que só as próprias pessoas sabem os dramas pessoais por quais elas passam e que justificam sua forma de ser e agir. Seu julgamento pode gerar consequências desastrosas, mas seu auxílio e seu apoio podem salvar almas. Rodei-se de pessoas queridas e afaste-se de pessoas ruins. Não cultive a vingança, não crie inimigos, perdoe sempre que possível e tenha pensamentos positivos. Seja generoso, seja justo, seja honesto e seja correto. Procure fazer o bem, não ser egoísta e respeitar a todos, que, assim, serás recompensado. Tire da cabeça a falsa ideia de que, neste mundo cão, não adianta ser "apenas um" correto ou bonzinho no meio de tanta gente desonesta ou ruim. Esse um faz diferença sim. Talvez uma diferença invisível, mas, certamente, maior do que possamos imaginar. Esse um pode virar dois, três, depois quatro... Então, façamos com que esta diferença possa ser mais positiva. Que os bons sejam maioria.