É nesta época também que o noticiário nacional passa a reservar alguns segundos de atenção ao Amazonas para mencionar a existência de um festival grandioso no meio da floresta: a disputa os bois Garantido e Caprichoso. É momento em que a Amazônia ganha destaque nacional por um evento cultural, e não por causa de desmatamento, cheia de rios, pesca ilegal ou matança de animais ameaçados de extinção. Com a transmissão pela TV, em rede nacional, o Amazonas mostra, para o Brasil, termos pouco conhecidos fora do estado como cunhã-poranga, tuchauas, vaqueirada, pajé, tribos, etc.
O festival mostra as origens da cultura regional e revela sua grande influência indígena. Curiosamente, o festival acaba reforçando externamente o esteriótipo de uma Amazônia como um local cheio de mato, rios e índios, já que o enredo da festa ressalta tal característica. Logicamente que este esteriótipo é muito fruto da ignorância do Brasil em relação ao norte do país do que da realidade em si, mas o festival acaba reforçando isso. Aí, de vez em quando, nos surpreendemos com pessoas comuns, e até famosas, cometendo gafes ao comentar sobre o Amazonas, associando-o única e exclusivamente à floresta, terra de índio. Coisa que irrita profundamente os que aqui residem.
No fim das contas, em vez de reclamar, xingar ou se irritar com tais comentários, deveríamos era rir bastante disso. Rir da ignorância alheia. Terra de índio? Sim, pois o sangue indígena corre nas veias da população. A cultura amazonense tem origem indígena e deve(ría)mos nos orgulhar muito disso. O Festival de Parintins está aí, mostrando e valorizando essa cultura que é única. É amazonense! É nossa!