segunda-feira, 28 de março de 2011

Manaus Desperdiçando Oportunidades

Em 2007, Manaus lançou candidatura a sub-sede da Copa do Mundo. Pela realidade que conhecia da cidade na época, já que nela morava havia três anos, logo achei que não teríamos chance. Mas os fatos foram se sucedendo e já em 2008 ficava muito claro que os interesses políticos por um sede amazônica levaria Manaus a ser a escolhida. E foi o que o se confirmou em maio de 2009.

Ainda em 2008, foi apresentado o projeto do estádio da cidade para a Copa. Um novo estádio, belíssimo, que iria substituir o velho Vivaldão. Mais que o requinte do projeto, chamou logo a atenção o custo da obra. E mais preocupante ainda: o que fazer com o estádio depois da Copa, já que o futebol local não é dos mais rentáveis.

Apesar do custo com o provável elefante branco, a escolha de Manaus tinha mais prós do que contras. Os investimentos a serem feitos numa cidade de Copa de Mundo me fazia imaginar uma nova cidade: ruas e avenidas com asfalto de primeira qualidade e bem sinalizadas, transporte coletivo eficiente, ampliação da rede hoteleira, reforma completa do aeroporto, revitalização do centro da cidade, melhorias nos sistema de comunicação de telefonia e internet, novas oportunidades de negócio e uma polícia mais presente e bem equipada. Doce ilusão!

Passados dois anos da confirmação da candidatura, a realidade agora em 2011 é bem diferente. De tudo aquilo que se esperava, quase nada mudou. A única coisa que parece estar bem encaminhada é a obra do estádio, justamente o que trará o menor benefício para a população. O mais importante não saiu do papel, e o que começou, ou parece que vai sair, está atrasado ou enfrentando problemas de irregularidade.

Vejamos o projeto de mobilidade urbana. O projeto do monotrilho foi questionado pelo TCE e pelo MPE e, mesmo irregular, o governo insiste em dar andamento. Vai terminar mal. Já o BRT, pouco se ouve falar. A questão do aeroporto é uma das mais preocupantes. Já não é de hoje e não é novidade que tanto o terminal de passageiros quanto de cargas estão sobrecarregados. E essa carga só tende a aumentar até a Copa. Mesmo assim, já foi anunciado que a reforma completa não será concluída a tempo para o mundial de futebol. Já no centro da cidade, que há anos sofre com abandono e desorganização, nem sinal de mudança. A população que o freqüenta diariamente já se acostumou com ambulantes nas calçadas, muita sujeira, estacionamentos irregulares, pedintes e moradores de rua. Para piorar, o projeto de construção de um camelódromo para tirar os ambulantes das ruas, após ter a obra embargada, agora sofreu um duro golpe com a desistência dos investidores devido ao descrédito em que caiu o projeto. Já os sistemas de comunicação tiveram um pequeno avanço, mas tanto a telefonia quanto a internet, a três anos da copa, ainda são insatisfatórias.

Diante dessa realidade, Manaus está prestes a desperdiçar uma oportunidade que talvez seja única em sua história de mudar a cara da cidade. Porém, o tempo vai passando e aquele sonho de uma nova cidade vai se acabando. Agora, já passa a ser questionável se sediar quatro ou cinco jogos de uma Copa do Mundo realmente será bom para Manaus. O custo é alto e o retorno já não sabemos se virá.